Não me digas adeus, ó sombra
amiga,
Sente o perfume da paixão
antiga,
Dos nossos bons e cândidos
abraços!
Sou a dona dos místicos
cansaços,
A fantástica e estranha rapariga
Que um dia ficou presa nos teus
braços...
Não vás ainda embora, ó sombra
amiga!
Teu amor fez de mim um lago
triste:
Quantas ondas a rir que não lhe
ouviste,
Quanta canção de ondinas lá no
fundo!
Espera... espera... ó minha
sombra amada..
Vê que pra além de mim já não há
nada
E nunca mais me encontras neste
mundo!...
Florbela Espanca, in "Charneca em Flor"
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