sábado, 24 de novembro de 2012

Momentos

Quero-te, porque sim,
Sem dúvidas, promessas, ilusões

Quero-te
nesse teu carinho triste,
antecipando o inevitável,
nessa tua alegria incosequente
de criança feliz,

Quero-te
nessa vontade doida
de partilhar cada momento,
nesse brilho que te incendeia
quando estamos juntos,

Quero-te
nesse sorriso luminoso
ao cruzarmos o olhar,
nessa vontade
de mundar a realidade


Quero-te.....
porque sim

quarta-feira, 21 de novembro de 2012

Espera...





Não me digas adeus, ó sombra amiga,
Abranda mais o ritmo dos teus passos;
Sente o perfume da paixão antiga,
Dos nossos bons e cândidos abraços!

Sou a dona dos místicos cansaços,
A fantástica e estranha rapariga
Que um dia ficou presa nos teus braços...
Não vás ainda embora, ó sombra amiga!

Teu amor fez de mim um lago triste:
Quantas ondas a rir que não lhe ouviste,
Quanta canção de ondinas lá no fundo!

Espera... espera... ó minha sombra amada..
Vê que pra além de mim já não há nada
E nunca mais me encontras neste mundo!...


Florbela Espanca, in "Charneca em Flor"

terça-feira, 9 de outubro de 2012

Beijo


"...O mundo parou.
Sombras pousavam-lhe, transparentes, na pele do rosto. O ar fresco, arrefecido, moldava-lhe a pele do rosto.
E o mundo continuou.
Ajudei-a a descer.
Corremos pelo passeio de mãos dadas. A minha mão a envolver a mão fina dela: a força dos seus dedos dentro dos meus.
Na noite, os nossos corpos a correrem lado a lado.
Quando parámos: as nossas respirações, os nossos rostos admirados um com o outro: olhámo-nos como se nos estivéssemos a ver para sempre.
Quando os meus lábios se aproximaram devagar dos lábios dela e nos beijámos, havia reflexos de brilho, como pó lançado ao ar, a caírem pela noite que nos cobria."

José Luís Peixoto, in 'Cemitério de Pianos'



domingo, 2 de setembro de 2012

Pensamento

Nem todas as histórias de amor são epopeias.

Por vezes são meros contos

segunda-feira, 23 de abril de 2012

Reencontro com a loucura

Dar, sem medo de não receber
Sentir,
sem vergonha de ser mal interpretado
Querer, sem pensar no amanhã


Confiar,
porque não há razão para não o fazer
Fechar os olhos e permitir a invasão de
sensações que explodem dentro de nós


Olhar e ser compreendida
Chegar e ser protegida
Querer e ser correspondida

sábado, 7 de abril de 2012

Vertigem


Para lá da pele,
para lá do sentir
para lá da vontade


Pensamentos que gritam
Mais alto que a sensação,
Sensações que esmagam
o pensamento


Limitações do ser físico
Traduzidas numa vertigem

sábado, 24 de março de 2012

Fénix




Um dia, um olhar
Um sonho, um sorriso
Um querer, em arrepio


Caminhos cruzados
Percursos diferentes 
Um momento sentido


Olhar catraio, sedução
Sorriso sincero, sentimento
Arrepio de pele, sensualidade


Momentos esperados
Percursos Alterados
Caminhos paralelos

sexta-feira, 16 de março de 2012

Sintonias

Embala-me na tua calma
Protege-me no teu peito
Diz-me que tudo ficará bem

A forma como danças comigo
Ao som de uma melodia imaginária
Só audível aos nossos sentidos

Acorda-me deste torpor
Mostra-me  o teu mundo
Leva-me pela mão aos seus recantos

Olha para mim
Vê-me

quarta-feira, 7 de março de 2012

Pensamentos

No meio das folhas entoa tristes melodias, e cada nota que emite é uma evidência de sua alma imaculada



Enquanto canta, a amarga dor da morte penetra seu íntimo e ela treme como uma folha.

Quando lhe resta apenas um sopro de vida, bate suas asas e agita suas plumas, e deste movimento produz-se um fogo que transforma seu estado.

Breve, madeira e pássaro tornam-se brasas vivas, e então cinzas.

Porém, quando a pira foi consumida e a última centelha se extingue,
uma pequena Fénix desperta do leito de cinzas.


Farid al-Din Attar, no livro A Conferência dos Pássaros, de 1177

quarta-feira, 22 de fevereiro de 2012

Pensamentos

"Ás vezes temos de fazer coisas imperdoáveis só para continuar a viver"

A frase não é minha e vem na sequência de um triângulo amoroso.

Deixou-me a pensar

Sei que fiz coisas imperdoáveis, só para me sentir viva
Sei que fui vitima desse sentimento de "morte" por parte de outros
Sei que a necessidade de "adrenalina" nos leva a fingimentos cruéis

Mas ..........

Sei, também, ou melhor descobri, que é
possível ser inteiramente honesta despojada
de artifícios, fingimentos e armas, mas que
é nessa altura que descobrimos os actos
imperdoáveis do próximo.

sexta-feira, 17 de fevereiro de 2012

Pensamentos




O Mal é sempre o "querer",
O desejo, a vontade de mais 


Deixar de querer é um processo
...................doloroso

domingo, 5 de fevereiro de 2012

Pensamentos

Apesar de até aqui não ter
pensado no assunto
É verdade
Quando se morre e se regressa,
nada permanece igual
Existe um vazio dentro de nós
Que nada parece preencher
Uma fome de coisa nenhuma,
Uma fartura de outro tanto.

Nada nem ninguém parece falar
a mesma linguagem, até os sinais
parecem ter perdido a capacidade
de serem lidos.

É como acordar num país que não fala
a mesma linguagem.

sábado, 4 de fevereiro de 2012

Pensamentos

Já fui dona do mundo
Já fui dona de mim
Já fui dona da vida

Já perdi o mundo
Já me perdi

Tudo o que tentei , vivi
Tudo o que procurei, encontrei
Tudo o que amei, recebi

Não tive medo de nada
Não virei as costas a um querer
Não desisti de um desejo

Tive uma vida cheia, intensa, preenchida, total.

sexta-feira, 13 de janeiro de 2012


Na curva perigosa dos cinquenta
derrapei neste amor. 
Que dor! 
Que pétala sensível e secreta me atormenta
e me provoca à síntese da flor

Que não sabe como é feita: 
amor
Na quinta-essência da palavra, e mudo
de natural silêncio já não cabe
em tanto gesto de colher e amar

A nuvem que de ambígua se dilui
nesse objecto mais vago do que nuvem
e mais indefeso, corpo! 
Corpo, corpo, corpo

Verdade tão final, sede tão vária
a esse cavalo solto pela cama
a passear o peito de quem ama.

sexta-feira, 6 de janeiro de 2012